RED: Pixarizando os animes (ou animezando a Pixar? Não sei!)

Em tempos longínquos, em uma galáxia bem distante – não tão distante, foi no planeta Terra mesmo – a história dos animes/games e HQs na sociedade era relativamente diferentes do que vemos hoje em dia. 

Não querendo ser o tiozão do “no meu tempo era tudo mato”, mas no meu tempo não era cool ser Nerd! Assim, gostar muito de todas estas formas de entretenimento era o típico motivo de chacota. Mas os tempos mudaram e o nerdola virou o novo descolado do pedaço. Bom, alguns pelo menos, eu continuo sendo meio zoadinho. 

De toda forma, onde eu quero chegar com tudo isso? Simples! Eu, enquanto criança, NUNCA poderia imaginar que um dia a Pixar faria um filme que é basicamente um anime com animação 3D.  Mas, como 2022 tem se esforçado para ficar mais estranho a cada dia que passa, cá estamos! 

RED: Crescer é uma fera, é uma animação da PIxar lançada no ano de 2022, a qual segue a história da jovem Meilin. Uma criança de origem asiática, residente no Canada, que, assim como vários de nós, sente grandes dificuldades de se enturmar e encontrar seu lugar no mundo.

Imagem: Pixar

O lado bom de tudo isto? Meilin é uma excelente aluna e se preocupa, diariamente, em orgulhar sua família, mantendo vivas suas tradições e seus deveres domésticos. “AH Igor, então é um filme normal sobre as dificuldades de uma adolescente” Meu querido, de normal este filme não tem nada. 

Em um belo dia Meilin, jovem menina que é, se encontra no início de sua puberdade e com isso o que vem? Enh? Você sabe do que eu to falando… Isso mesmo, se transformar em um Panda Vermelho Gigante. O que você pensou que fosse? 

Brincadeiras à parte, para os mais astutos – e até para os menos, pra ser sincero, é bem na cara mesmo – o filme é uma grande metáfora sobre o “amadurecimento feminino e como as meninas passam por grandes transformações nesta fase de suas vidas. 

Dito isso, já me sinto na obrigação de mencionar que o tema não deve afastar o público masculino uma vez que tem muito conteúdo para divertir a todos. Mas sem botar a carroça na frente dos bois, falaremos sobre os pontos positivos e negativos. 

De pontos positivos, eu ressalto desde já o grande e cativante humor da obra e a “falta de vergonha” do filme em ser o que ele se propõe. 

Geralmente, é nesta hora que eu analiso cada um destes pontos de forma separada, mas neste caso eu realmente sinto que uma análise conjunta faz mais sentido, vez que um ponto nasce do outro. Explico. 

Não adianta tentar fazer um pato agir como se um gato fosse e se isso não faz muito sentido para você, talvez você não seja tão familiarizado com o cinema moderno, mas é incrivelmente comum as pressões de estúdio forçarem os criadores a alterar a essência de sua obra para massificação de audiência. 

Ocorre que, neste filme, a priori pelo menos, me parece que isto não ocorreu. Como eu disse, o filme não tem qualquer vergonha de se expressar da forma mais pura e livre, colhendo influências de animes, mangas, animações clássicas, para formar uma maçaroca que funciona de uma forma harmônica e relaxante. 

Imagem: Pixar

Com esta ausência de vergonha, naturalmente tudo flui de forma mais natural e cadenciada, fazendo com que os momentos de drama atinjam o telespectador bem naquele pontinho que dói, bem como fazendo com que as piadas peguem a todos de surpresa. Com isso, admito que não é fácil me fazer gargalhar espontaneamente e este filme conseguiu. 

Mas, naturalmente, como tudo na vida, existem pontos negativos – menos pizza, pizza é amor e carinho e nada me faltará. Pode ser picuinha minha – certamente é – mas por vezes me pareceu que o filme estava tão focado em passar sua própria mensagem que acabou esquecendo que está tudo bem admitir os erros e criticar os personagens. 

Vejam, o filme todo é construído de forma a fazer o telespectador sentir eterna compaixão com a personagem principal, e nisto, ele acerta. Entretanto, por vezes, Meilin se coloca em situações nas quais, em situações normais, ela merecia ser repreendida – obviamente que não de forma agressiva e autoritária – mas para possibilitar o próprio crescimento da personagem. 

Imagem: Pixar

Um exemplo disto – e é só um exemplo mesmo – é quando o filme mostra o desempenho escolar da personagem despencando e nada é mencionado, feito ou trabalhado a respeito disto. Isto é um problema? Certamente não! Diminui a qualidade do filme? Também não! Mas acaba tirando um grau de realismo e a obra acaba perdendo uma oportunidade de tratar de forma adequada estes impasses da vida que, querendo ou não, são incrivelmente naturais. 

Enfim, não prolongarei em demasia esta crítica e me limitarei a dizer que Red é um filme super família e excelente para uma diversão leve e descontraída. Pelo tema, naturalmente o público feminino poderá se conectar de forma mais profunda com a obra, mas tem qualidade o suficiente para entreter a todos! 

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