EUPHORIA: O Sex Education da Depressão

O ano é 2013 e o mundo cinematográfico entra em um erro da Matrix, no qual, em um intervalo de aproximadamente 7 meses, são lançados dois filmes com exatamente o mesmo conceito: invasão da casa branca, sendo a única diferença – tá, não a única, mas vocês me entenderam – que um deles é voltado para comédia e outro para a ação. 

Fast forward, para o ano de 2019/ 2022, nós temos novamente um erro na Matrix. Onde eu quero chegar? Euphoria é basicamente Sex Education da depressão e eu posso provar! 

EVIDÊNCIA Nº 1: Todo o contexto de descobrimento sexual em um cenário de high school, esse é genérico, eu sei. MAS CALMA, tem mais; 

EVIDÊNCIA Nº 2: “Antagonista” com problemas familiares (especialmente paternos), tentando conviver e aceitar sua sexualidade, fazendo de tudo para ferrar psicologicamente todos os protagonistas, em especial aqueles pertencentes ao grupo LGBTQIA+; 

EVIDÊNCIA Nº 3: Momento em que o personagem LGBTQIA+ viaja para sua cidade natal, sai para farra e inicia uma relação conflituosa com seu interesse amoroso;

EVIDÊNCIA Nº 4: Grande treta após apresentação teatral da escola, a qual foi roteirizada e imaginada por uma das protagonistas que não se encaixa no padrão das demais.

É plágio? Não! Incomoda? Não! Perde a qualidade em função disto? CERTAMENTE não! “Ah, então porque você mencionou?” Para ser sincero, apenas pois achei os paralelos interessantes, sem maiores problematizações! Então, sem mais delongas, vamos à crítica! 

Imagem: HBO Max

Como não fiz qualquer crítica da primeira temporada, vou dar uma palhinha na história para aqueles que não acompanharam se situarem melhor. A história segue nossa protagonista Rue – interpretada pelo amor dos nerds: Zendaya – durante sua incansável luta contra a dependência química e no afloramento de sua vida amorosa/sexual. 

Neste contexto, são apresentados diversos personagens secundários – que mais atuam como principais em alguns momentos, mas ainda assim são secundários – buscando desenvolver, ao máximo, a gama de experiências adolescentes a serem apresentadas na obra. 

Olha, é até difícil explicar todos os temas trazidos pela série ao longo de seus episódios, então faremos um brainstorming rapidão: Tem traição, tem violência, tem chantagem emocional, tem sexo, tem abuso de drogas, tem pancadaria, tem relacionamento abusivo e por ai vai! 

Mas apesar de todos os pontos trazidos, a mensagem é clara: Viver é difícil e situações “normais” podem nos levar ao fundo do poço em um piscar de olhos. 

Nos quesitos técnicos, é uma coisa linda! Atuações impecáveis – até dos atores estreantes, diga-se de passagem – cinematografia invejável, trilha sonora que funde perfeitamente com as cenas nas quais estão inseridas! É realmente uma obra de arte. 

Imagem: HBO Max

Depois de todos estes elogios, devo confessar duas coisas:  i) no início da temporada eu realmente fiquei com um certo medo – explicarei em seguida – que acabou não se concretizando e ii) eu tenho um problema grande de desconexão com alguns personagens. NÃO ME MATEM, eu vou explicar! 

Quanto ao meu medo, é com felicidade que eu informo que ele não se concretizou! Bem no início da temporada eu fiquei realmente achando que para efeitos de roteiro e apenas para garantir a continuidade da série, os avanços e conquistas pessoais de determinados personagens seriam jogados no lixo. Basicamente aquele típico “criar um problema que já não deveria existir”.

Admito que a série passou realmente perto de cometer este erro em alguns momentos, mas ao final, tudo foi perfeitamente justificado e a trajetória dos personagens fez sentido! 

AGORA VEM O PROBLEMÃO – para mim, pelo menos! Eu, enquanto telespectador, realmente acredito que alguns diretores precisam compreender o quanto o consumidor está disposto a apostar no seu personagem e nos erros que ele comete. Explico. 

Eu me desconecto com incrível facilidade quando percebo que o personagem, devido às suas próprias burrices – uso o termo burrice pois por vezes algumas atitudes parecem injustificadas – se colocam nas situações de problema. E po***, como isso ocorre na série. 

Imagem: HBO Max

Em especial, mas sem dar spoilers, eu ressalto a personagem Cassie, interpretada pela talentosíssima Sydney Sweeney. Ela é um ponto focal da segunda temporada na série e eu, logo no começo, já havia me desapegado completamente. O motivo? Ela se colocar em situações complicadas a troco de nada… 

MAS, eu sei que isso é picuinha minha! Então, por favor, não deixem de assistir esta brilhante série apenas porque eu sou chato. 

Em conclusão, a segunda temporada de Euphoria eleva à vigésima potência tudo que foi apresentado no início, tanto as brigas como as alegrias! Feitos todos estes elogios, eu recomendaria para todos? CERTAMENTE não! Os temas são pesados, os problemas e dificuldades são muito reais – no sentido de acontecerem na realidade mesmo – e acrescidos das atuações impecáveis, podem servir como um claro gatilho para determinado público.

Assim, se você se interessou pelo tema e não se considera uma pessoa sensível, Euphoria é um MUST! 

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