MORTE NO NILO: o assassinato de uma franquia? 

Olha, de pronto já vou deixar claro que a cada texto que eu escrevo para este blog, mais eu me preocupo com o fato de que eu tenho uma história de infância que é fortemente ligada com o tema em questão.  Neste caso, em se tratando da franquia de filmes originados dos livros da saudosa Agatha Christie, o baby Igor sempre adorou, e por consequência consumiu assiduamente, os filmes do incrível detetive Hercule Poirot. 

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E me sinto na obrigação de ressaltar que, como antigo consumidor, presenciei em primeira mão o incrível glowup vivenciado pelo personagem, que passou de gordinho egocêntrico a um detetive estiloso com um bigodão de dar inveja. 

Em conclusão sobre minha perturbada infância, já estabelecemos que tive traumas com o filme It: uma obra prima do medo e que adorava histórias de assassinatos e minhocas gigantes de Duna… Uma criança peculiar.

Propriedade de Scott Free Productions; TSG Entertainment; Kinberg Genre; The Mark Gordon Company

O filme A Morte do Nilo é colocado como uma continuação direta do primeiro longa metragem, O Assassinato no Expresso do Oriente, e coloca nosso protagonista Hercule Poirot, o maior detetive do mundo, em um novo mistério na terra dos Faraós. 

Toda trama se inicia com o protagonista tentando tirar suas tão merecidas férias na cidade africana, na qual é abordado pelo belo – e recém-casados – casal Doyle, formado pelo personagem de Armie Hammer e pela eterna Mulher Maravilha, Gal Gadot. Papo vai, papo vem – transição exclusivamente para evitar spoilers, não me considerem preguiçoso – nosso caricato detetive se vê novamente em meio a uma conturbada história de amor, traição, inveja e muito assassinato – muito, muito mesmo. 

Propriedade de Scott Free Productions; TSG Entertainment; Kinberg Genre; The Mark Gordon Company

Como este é meu blog e eu democraticamente posso decidir a ordem de elencar meus comentários sobre o filme, decidi começar com meus pontos negativos, para finalizar com os que vão fazer você ficar com um quentinho no coração e sentir que no geral eu sou um cara muito otimista. 

Devo ser bem sincero ao dizer que realmente precisei procurar alguns pontos para reclamar, uma vez que em uma primeira assistida não constatei nada que me incomodou de forma exagerada. “Ah, então o filme é perfeito e tudo é maravilhoso?” Não, longe disso. Mas eu sou adepto à filosofia de que nem todo filme precisa ser uma obra prima e revolucionar a história do cinema. Muitos serão apenas bons filmes pipoca. E não tem nada de errado nisso. 

Meus grandes problemas e reclamações em relação ao filme se resumem em: uma picuinha minha e um quesito técnico. 

Quanto ao quesito técnico, eu não tenho certeza se o filme foi gravado em estúdio ou locação, mas se foi locação, algo aconteceu com a pirâmides do Egito neste meio tempo de pandemia que eu não fiquei sabendo. Brincadeiras a parte, o cenário gerado por computação gráfica, ou, ao mínimo, retocado por computação gráfica, é incrivelmente feio e me tirou do filme em diversos momentos. Basicamente parece que todo o orçamento foi destinado para o pagamento de cachê da Gal e sucatearam este pequeno detalhe. 

Sei que muitos podem estar querendo me matar através da tela por reclamar de algo tão pequeno, mas pô. Se o filme se passa no Egito, eu espero que pelo menos eu sinta que os personagens estão no Egito. 

Minha segunda reclamação vem na figura do nosso – não mais tão querido – Armie Hammer. Esta reclamação eu caracterizei como picuinha pois eu sei que para os espectadores mais esporádicos e que não procuram os babados da indústria de Hollywood, ela parecerá fortemente exagerada.

Bom, há pouco o Sr. Hammer foi metido em um grande – e quando digo grande, quero dizer imenso – problema devido à supostas mensagens vazadas, nas quais ele confirma umas práticas… não usuais, se assim eu posso dizer. Eu não quero entrar muito no assunto aqui, mas deixo a dica de que se você digitar “Armie Hammer problemas” no Google você pode saber do que eu estou falando. 

Deixo bem claro que isto não reflete em nada minha opinião técnica sobre o filme, mas penso ser completamente descabido esperar que alguém que estivesse ciente de tudo que está passando não sentisse um gosto levemente agridoce com a postura do estúdio ao optar por desviar sua atenção, quando diversos atores já sofreram represálias por muito menos.

Mas chega de tristeza e reclamações e vamos aos pontos altos do filme. 

Bom, os principais pontos altos do filme ficam a cargo da direção (fora a parte de ambientação) e com o talento inquestionável do elenco do filme que é unicamente responsável por facilmente 70% da diversão a ser tida no cinema. 

Fato interessante – não tanto, mas sinto que devo comentar – o filme é dirigido por Kenneth Branagh que também é o ator que protagonista o longa. Sempre achei interessante o conceito de você dirigir um filme e se contratar para ser protagonista, pode parecer um pouco presunçoso, mas admito que é engraçado: “Lindas audições pessoais, mas infelizmente vocês não são melhores que eu. Sorry”

Chega de piadinha. Kenneth realmente conseguiu entender melhor o motivo de todos irem assistir a estes filmes, tirando o enfoque exclusivamente do mistério (algo bem presente no primeiro filme) para uma harmonia entre história e carisma de personagens. Ele realmente cria um equilibro bem confortável para o telespectador.

Propriedade de Scott Free Productions; TSG Entertainment; Kinberg Genre; The Mark Gordon Company

Isso nos leva ao segundo ponto positivo: a caracterização e personificação dos personagens. Tudo parece estar no lugar certo para corroborar com a boa experiência de quem vai assistir ao filme, desde a divisão do tempo de tela de cada um dos personagens até a caracterização e maneirismos dos atores, buscando sempre, ao que parece, convencer o telespectador de que aquilo é uma pessoa que realmente pode existir.

Mas, como grande fã do trabalho dela, eu não poderia deixar de mencionar pessoalmente a formidável Mave de Sex Education, Emma Mackey. Em sua primeira grande estreia no cinema, a jovem atriz se consolida como uma das futuras potências da nobre arte, mantendo a compostura e elevando a atuação de um elenco cheio de estrelas.

Ao final da somatória completa, o filme se torna uma divertida aventura de mistérios que está mais do que apta a te entreter por aproximadamente duas horas. Mas como eu disse anteriormente, não espere uma obra de arte ou um clássico instantâneo do cinema contemporâneo, mas certamente, de todos os assassinatos cometidos, o da franquia não está entre eles. Para fins de nota, dou sete bigodes arrumados, sendo intencionalmente o número ímpar, para incomodar o Sr. Poirot.

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